A festa maior nas famílias das comunidades interioranas nas primeiras décadas da imigração até os idos de l950 eram as festas de casamento. Estas festas tinham o dia apropriado, sempre aos sábados. Os festejos iniciavam pela manhã com cerimonial religioso na capela local ou na igreja da sede paroquial. O noivo e a noiva se deslocavam em caravana juntos aos convidados em cavalos encilhados com arreios novos e o peitoral cravejado de guizos que, no trotear do animal, tilintavam como sineta de sacristão. A noiva e as moças montadas em cavalos encilhados com “celin” de cor púrpura. O pé esquerdo apoiado no estribo, enquanto o direito descansava na curva do joelho enganchado na saliência prateada da cela feminina. A posição dava segurança e estabilidade à dama. Os homens compareciam à festa cavalgando belas montarias, trajando um misto de gaúcho com vestimentas trazidas do velho continente. Vestimenti dei brasilieri comentavam os convidados. A indumentária para as festas era formada de chapéu, lenço de pescoço, colete, casaco e botas de cano longo ou botina cobrindo o tornozelo. A corrente à mostra sobre o peito que na ponta segurava o relógio no bolsinho do colete, era sinal de poder econômico. O charme era olhar para o relógio de bolso e anunciar a hora. O cortejo era sempre puxado pelos noivos. Enquanto o cerimonial se desenrolava na capela, a retaguarda gastronômica preparava o almoço farto. Guardado em recipientes de vidro de vinte litros dentro de uma armação de vime, o vinho aguardava a alegria dos convidados. Os convivas eram muitos. O pipocar dos foguetes no caminho era o aviso para as cozinheiras lançarem os agnolini na panela grande. A festa cortava o dia e continuava à noite na sala grande da casa ou no salão da sociedade. A mesa sempre coberta pela fartura e muito vinho mostrava a dimensão da vitória do imigrante. A festa era a celebração da cucagna. Era a vendeta sobre a fome do passado. Como coroamento dos festejos nupciais o baile sob o ritmo do gaiteiro era o último ato da noite. Se o noivo decidia morar na casa da noiva diziam que o noivo ia “a cuc” - expressão indicativa que o noivo fixaria moradia na casa dos pais da noiva. Lá fora, nas ruelas da vila, nascia a luz das mãos do acendedor de lampiões. Com o clarão das lanternas o dia se alongava noite adentro. A festa e o bailado era a celebração da grande festa. As cantorias se intensificavam na proporção dos copos de vinho. Enquanto o acordionista dedilhava o teclado da sanfona, os gritos dos convivas de “viva i sposi,” ressoavam na noite do pequeno vilarejo. (plinio@mp.com.br)
Portal de divulgação de atividades desenvolvidas em Nova Veneza - Travessão Alfredo Chaves, Flores da Cunha, Rio Grande do Sul, Brasil, durante a realização da pesquisa que deu origem ao livro que conta a história da comunidade. Sobretudo, um meio de divulgação de dados do levantamento histórico sobre a comunidade e elo de ligação com os colaboradores da pesquisa. Obrigado pela visita! Deixe seu comentário antes de sair desta página.
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010
VIVA I SPOSI! VIVA!!!
A festa maior nas famílias das comunidades interioranas nas primeiras décadas da imigração até os idos de l950 eram as festas de casamento. Estas festas tinham o dia apropriado, sempre aos sábados. Os festejos iniciavam pela manhã com cerimonial religioso na capela local ou na igreja da sede paroquial. O noivo e a noiva se deslocavam em caravana juntos aos convidados em cavalos encilhados com arreios novos e o peitoral cravejado de guizos que, no trotear do animal, tilintavam como sineta de sacristão. A noiva e as moças montadas em cavalos encilhados com “celin” de cor púrpura. O pé esquerdo apoiado no estribo, enquanto o direito descansava na curva do joelho enganchado na saliência prateada da cela feminina. A posição dava segurança e estabilidade à dama. Os homens compareciam à festa cavalgando belas montarias, trajando um misto de gaúcho com vestimentas trazidas do velho continente. Vestimenti dei brasilieri comentavam os convidados. A indumentária para as festas era formada de chapéu, lenço de pescoço, colete, casaco e botas de cano longo ou botina cobrindo o tornozelo. A corrente à mostra sobre o peito que na ponta segurava o relógio no bolsinho do colete, era sinal de poder econômico. O charme era olhar para o relógio de bolso e anunciar a hora. O cortejo era sempre puxado pelos noivos. Enquanto o cerimonial se desenrolava na capela, a retaguarda gastronômica preparava o almoço farto. Guardado em recipientes de vidro de vinte litros dentro de uma armação de vime, o vinho aguardava a alegria dos convidados. Os convivas eram muitos. O pipocar dos foguetes no caminho era o aviso para as cozinheiras lançarem os agnolini na panela grande. A festa cortava o dia e continuava à noite na sala grande da casa ou no salão da sociedade. A mesa sempre coberta pela fartura e muito vinho mostrava a dimensão da vitória do imigrante. A festa era a celebração da cucagna. Era a vendeta sobre a fome do passado. Como coroamento dos festejos nupciais o baile sob o ritmo do gaiteiro era o último ato da noite. Se o noivo decidia morar na casa da noiva diziam que o noivo ia “a cuc” - expressão indicativa que o noivo fixaria moradia na casa dos pais da noiva. Lá fora, nas ruelas da vila, nascia a luz das mãos do acendedor de lampiões. Com o clarão das lanternas o dia se alongava noite adentro. A festa e o bailado era a celebração da grande festa. As cantorias se intensificavam na proporção dos copos de vinho. Enquanto o acordionista dedilhava o teclado da sanfona, os gritos dos convivas de “viva i sposi,” ressoavam na noite do pequeno vilarejo. (plinio@mp.com.br)
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Um comentário:
Casal maravilhoso!
Muito elegantes! Tenho orgulho
de ser descendente.
Leonor Mioranza Carrier
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