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terça-feira, 24 de agosto de 2010

El Palon (II Parte)

O que dava o que falar no interior eram divisas. Essas balizas demarcatórias das propriedades foi tema polêmico entre proprietários lindeiros por muitos anos. Para tirar uma pessoa do sério, era por em dúvida os marcos das propriedades. Tocar neles sem o conhecimento e consentimento dos vizinhos era assunto explosivo.

Aconteceu, certa vez, num dos cantos de confluência de quatro colônias, uma discussão acalorada entre quatro proprietários por causa de um marco. O ponto da discórdia era - el palon - o ponto demarcador das quatro colônias. El palon era como um monumento sagrado. Um dos quatro vizinhos deslocava o marco um metro para o lado do outro, assim, garantia mais terra para si. Certo dia um dos quatro proprietários morreu. Tempos depois um deles passou pelo local e ouviu uma voz dolente:

- Onde lo meto? Onde lo meto?

Ao ouvir os lamentos vindos da floresta saiu correndo e não parou até chegar em casa. Contou aos vizinhos o que ouviu no mato del cantonal. Os proprietários reuniram-se para ouvir a história do vizinho. O fato se espalhou pela redondeza e a fantasia funcionava como lanterna mágica na cabeça dos habitantes do Travessão. Uns diziam que era para chamar o padre e benzer as colônias e rezar pelas almas penadas. As mamas piedosas propuseram fazer uma novena para livrar as almas do purgatório. Outros diziam que era para conferir in loco o que estava acontecendo. Os proprietários decidiram se dirigir ao local del palon armados com ferramentas de escavação. Chegando ao ponto de encontro das 4 colônias ouviram a mesma voz vinda da floresta: - Onde lo meto? Onde lo meto? Os três em coro responderam Onde vá bene! Onde vá bene! Alma penada! -Grazie, grazie! Tanti anni che lo porto in squena! Adesso prenderò la pace! Daquele momento em diante reinou o silêncio na floresta. Os três se entreolharam e começaram a cavar onde deveria estar el palon. Numa certa profundidade encontraram o resto del palon exatamente no lugar que deveria estar desde o início da demarcação das colônias pelos funcionários do império no começo da imigração. Assim descobriram o autor da arte de burlar as divisas. A história ficou para firmar posição na comunidade de que a verdade cedo ou tarde aparece.
Plínio Mioranza

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