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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

MISTÉRIO EM NOVA VENEZA


Corria o ano de 1893. As notícias chegavam à Nova Veneza através dos viajantes. Estes tinham a fonte da informação, não mais São Sebastião do Caí, mas sim, no mais novo município de Caxias do Sul, que já era um centro comercial e político da região. Nova Veneza também seguia os passos do novo município puxado pelo trânsito dos comerciantes pela estrada geral dos campos de Cima da Serra até a sede do município de Caxias do Sul. A notícia de que um homem estava estirado na estrada em frente ao cemitério de Nova Veneza se espalhou rapidamente pela vila. O corpo de um homem moreno ficou escondido sob o manto escuro da noite fria e coberto pela serração que vinha do Rio das Antas. O fato veio à tona ao clarear do dia. O sol desnudou o que a noite ocultou. O cavaleiro que vinha do Travessão Acioli foi o portador da notícia até o centro do lugarejo. A população foi tomada pela surpresa e pelo temor. A morte repentina é sempre desconcertante. De olhos arregalados as pessoas passavam em frente ao corpo estendido na estrada sem marcas visíveis de violência. O homem caído estava de lenço vermelho no pescoço, botas de cano longo afiveladas no topo, cinto largo com fivela dourada, presa ao cinto exibia uma adaga prateada, camisa de cor parda com botões de cor branca, calça do mesmo tom exibindo um pequeno rasgo no joelho e um chapéu de pano marron ao lado pendurado ao pescoço por uma fita de couro cru. Tudo indicava ser homem dos campos de Cima da Serra. O quadro era de morte coberta de mistério. Um filete de sangue coagulou no chão de terra fria da estrada geral. Uma perfuração no centro da testa marcava o percurso da bala atravessando o crânio, abrindo um rombo na nuca cabeluda. Tudo era mistério no local. Os vestígios se apagavam com as pisadas dos curiosos que chegavam dos quatro cantos da vila. Começava um duro desafio para il Capo travessão Anìbale e o delegado. A população tomada pelo sono não ouviu o estampido. Nem os cachorros latiram. O galo só cantou ao clarear do dia. O mistério e o silêncio cobriam o caso. Um senhor de pequena estatura correu para o ponto de coleta do correio local, postou a carta para os seus em Feltre, Itália. Os parentes do velho continente tomavam conhecimento da morte na vila veneziana. O caso não foi desvendado através dos anos e os detetives de então não responderam a uma pergunta: - Quem matou o homem em frente ao cemitério em Nova Veneza? Pode ser que algum leitor deste artigo tenha guardado para si o segredo ou o tenha passado ao padre Dom Giulio Pierot em sigilo de confissão. Assim, após 117 anos o mistério continua a desafiar os mais argutos detetives venezianos. (Plínio@mp.com.br)


Um comentário:

Anônimo disse...

Ah! Quantas lembrancas da infancia!
As tardes de domingo o cemiterio era
um lugar onde nos divertiamos.
Tentavamos ler o que estava escrito em todas as placas. Era um dos lugares mais
sossegados! Ninguem corria atras da gente! Hehehehehe!
Interessante a nossa turminha era organizada decidiamos onde ir super
rapido para podermos ter muito tempo para brincar. Eta tempo bom!
Assim que o sol se escondia era pernas que te quero!


Saudades

Leonor