Total de visualizações de página

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ferraria, olaria, serrarias...




"Eu cheguei a trabalhar uns dois anos com a trilhadeira, mas olha, esse serviço, se eu puder não faço nunca mais. Se saia de casa ainda escuro e só se voltava lá pelas oito ou nove horas. Às vezes até sem almoço eu ficava, ia direto, de uma casa para outra. Quando ouviam a trilhadeira passando na estrada, as pessoas já iam para fora ver e iam pedindo para parar, isso nas casas que já tinham o trigo pronto para trilhar. Mas se trabalhava em condições que não dá para explicar, num galpãozinho, sem máscara, sem nada, e aquela poeira o tempo todo no ar, nem se enxergava direito [...]"

"Uma  vez se fazia tudo em casa. Eu cuidava da roça, plantava milho e trigo, a "terça parte" como se dizia uma vez. O meu marido tinha cabeça boa, ele aprendia fácil, fácil fazer as coisas, só de olhar alguém fazendo. Foi assim que ele começou a trabalhar com a ferraria. Todos os instrumentos eram feitos um por um, se esquentava o ferro e depois com o maio, ia moldando as formas que queria, se fosse uma foice, uma enxada, ou uma rintcha, qualquer coisa. Mas ele não trabalhava só com isso. Quando morria alguém iam pedir pra ele fazer a caixa, e também a cruz de madeira, porque antigamente, quando enterravam as pessoas no chão, demorava um tempo para ficarem prontas as cruzes de ferro com a plaquinha que tinha os nomes dos mortos, então, até ficar pronta a de ferro, se colocava um sinal, uma cruz de madeira sobre a cova."


Nenhum comentário: