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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

RELEMBRANDO: Registros de Mário Gardelin (1984)



Imagem: Matéria publicada pelo Jornal Pioneiro, 04/01/1984.

RELEMBRANDO: Candidatas a soberanas do Centenário (1984)



Imagem: Reportagem publicada pelo Jornal Pioneiro, 11/01/1984.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A CARAVANA...

No dia l5 de janeiro de l884 terminava a quarentena das 50 famílias italianas acampadas no casarão dos imigrantes no Campo dos Bugres. Naquela manhã iniciava a longa caminhada na trilha da floresta até as colônias a eles destinadas. Partia do Campo dos Bugres a caravana de mais de uma centena de pessoas com destino a XVI Légua - Travessão Alfredo Chaves. As 52 colônias demarcadas pelo governo imperial no travessão iniciam ao sul na cabeça dos montes do Rio Oitenta e ao norte terminam aos pés do Rio das Antas. Os organizadores dos assentamentos estavam ansiosos para liberar mais um grupo e levá-los até as terras já demarcadas. Terminada a quarentena no casarão dos imigrantes completava-se o ciclo de transição entre continentes e também a ruptura definitiva dos laços de uma pátria incapaz de sustentar os próprios cidadãos. Os representantes do governo imperial coordenavam a operação. Enquanto uns chegavam outros partiam. Para conduzir a caravana os encarregados destacaram cinco desbravadores munidos de uma tropilha de mulas encangalhadas para o transporte de alimentos e utensílios. O coordenador inicia a chamada:

Colônia de N°1-Benedetto Vedana. 2-Natale Piazza. 3-Domênico Frison. 4- Toríbio Malacarne. 5- Ângelo Magnabosco. 6- Luigi Malacarne. 7- Giuseppe Cavachini. 8- Domenico Longo. 9- Fortunato Reginato. 10- Pietro Toscan. Os dez chamados passaram com suas famílias na repartição onde recebiam as provisões. Após a distribuição dos mantimentos suficientes para o próprio sustento, partiram em direção ao norte.

O segundo coordenador continuou a chamada: A colônia de N°11- Francesco Dalla Costa. 12- Giovanni Speranza. 13- Pietro Mioranza. 14- Francesco Caldart. 15- Domenico Batiston. 16- Bortolo Balvedi. 17- João Paschoal Mangari. 18- Carlo Dalla Costa. 19- Marco Brezolin. 20- Francesco Brezolin. Também esse grupo recebeu mantimentos e partiram pela mesma trilha dos primeiros.

O terceiro coordenador fez a outra chamada: Colônia de N° 21 Giovanni Brezolin. 22- Pietro Brezolin. 23- Paolo Vacchi. 24- Giovanni Reginato. 25- Ângelo Reginato. 26- Antonio Zardo. 27- Fortunato Reginato. 28- Giuseppe Bordin. 29- Pietro Bordin. 30- Giacomo Capellari. Após receberem o farnel partiram no encalço dos outros.

O quarto coordenador aos gritos fez a leitura dos nomes: Colônia de N° 31- Giuseppe Gilioli. 32- Pietro Gazzi. 33- Giuseppe Brezolin. 34- Ângelo Vanelli. 35- Giovanni Batista Brezolin. 36- Luigi Preto. 37- Angelo Preto. 38- Domenico Preto. 39- Bortolo Alban. 40- Gioseppe Brezolin. Todos com seus pertences formam fila atrás do condutor e seguem o mesmo caminho dos anteriores.

O quinto coordenador faz a última chamada: Colônia N°40- Giuseppe Morsolin. 41- Aníbale Morsolin. 42- Girolamo De Faveri.43- Pietro Pavan. 44- Pasquale Commazotto. 45- Carlo Pavan. 46- Pietro Gazzi. 47- Giuseppe Dalla Fusine. 48- Giovanni Scortegagna. 49- Domenico Veronese. 50 e 52- Giuseppe Scortegagna. 51- Giacomo Menegatto.

As 50 famílias se reconheciam como todas iguais – pobres. Antes a pobreza que a fome. Com a mão levantada, o líder conduz, alinhando-os um traz outro, seguindo os grupos que já estavam em marcha na estreita picada. Ao clarear o dia caminhavam em fila indiana em direção ao norte pela linha 30 onde ouvem os gritos de famílias já acampadas “Siamo de Magrè”! Descem ao vale da linha 40, onde se ouvem as vozes feltrinas. Sobem à encosta da linha 60, onde fizeram o primeiro descanso perto de um riacho de águas cristalinas. Ouviam-se os gritos partindo das pequenas casas à beira da picada: “Trevisani, facciamo l’Amèrica”!. Ouvindo as vozes conterrâneas crescia o ânimo para seguir em frente. A água fresca era uma bênção para a ingestão da farinha de mandioca e seguiam em direção à linha 80 onde ouvem os gritos de “Viva Mântova”! Atravessaram o pequeno rio e subiram em direção a linha 100. Fizeram uma parada debaixo do sol apontando o centro do céu azul. É lá que ouvem os cremoneses alojados em pequenas cabanas derrubando a mata. Muitas mulheres traziam os filhos no colo e outras no ventre. Segue para o Travessão Camargo, os falares cantados dos vicentinos permeiam a mata. A marcha em direção ao Travessão Martinho é interrompida pela voz do belunês Domenico Caldart: avanti che il nuovo mondo è qui ! Mais um quilômetro a caravana chega ao destino - Travessão Alfredo Chaves. Na chegada o sol já se escondia atrás das araucárias. Corriam soltos os comentários - aqui é uma Veneza! Os pequenos riachos transbordavam, as águas andavam pelo prado verde espelhando a lua cheia no fino espelho d’água. A cabana coberta de folhas de palmeiras era o alojamento. A mesma havia servido de acampamento aos agrimensores contratados pelo governo imperial na demarcação das colônias. A caravana dos 50 fez nascer Nova Veneza e foi ali que se construiu uma bela história e outras tantas estórias. Este foi o sonho do bis-nono na noite anterior à marcha para a terra que lhe deu chão.

Plínio Mioranza

plinio@mp.com.br

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Dom Luiz Scortegagna

Filho de Giovani Batista Scortegagna e Mariana Smiderle, imigrantes italianos que se estabeleceram no Travessão Alfredo Chaves. O casal teve cinco filhos: Luiz (Bispo), Marieta, José, Seraphina, Gioavani e Auxílio.
Luiz nasceu a 24/10/1881, na Diocese de Vicenza, Itália. Veio pequeno para o Brasil em companhia da família. Fez os primeiros estudos no Colégio de São José do Pareci Novo e os de Filosofia e Teologia no Seminário Episcopal de Porto Alegre. Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão, ordenou-o Sacerdote no dia 30/11/1908, na Catedral de Porto Alegre.
Foi nomeado Pároco de São Francisco de Paula e depois de Cachoeira do Sul. Na vigência da “Sede Vacante” da Diocese de Santa Maria, pela transferência do Bispo Dom Àtico Eusébio da Rocha para Cafelândia, foi eleito Vigário Capitular.
A 19/03/1932 foi eleito Bispo Coadjutor do Espírito Santo, sendo consagrado em Santa Maria no dia 31/07/1932, tomando posse no dia 11/09/1932. Com a renuncia de Dom Benedito de Sousa, Bispo da Diocese do Espírito Santo, D no dia 15/10/1932, Dom Luiz assumiu a Diocese. Dirigiu-a com muito zelo, incrementando a vida religiosa e as obras do apostolado.
Após 43 anos de Sacerdócio, faleceu no Rio de Janeiro, no dia 1º/12/1951, com a idade de 70 anos. O Cardeal Câmara celebrou Missa de corpo presente na Catedral do Rio de Janeiro. À tarde seus restos mortais foram transladados, em avião especial, para Vitória, onde, após solenes exéquias, foi sepultado.
Homenagens a Dom Luiz Scortegagna: Denominação da antiga Escola do Trav. Acioli/Nova Pádua e Praça do Travessão Alfredo Chaves entre outros.


Imagem 1: Google: Instalação da Pedra Fundamental da Capela N. S. da Boa Família em 16/07/1951 pelo Bispo D. Luiz Scortegagna - Hoje Igreja Matriz N. S. das Graças, Paróquia de Itaguaçu.
Imagem 2: Google: No detalhe Dom Luiz Scortegagna na condecoração instrutor-chefe do Aero Clube do Rio de Janeiro, na segunda metade da década de 1940.
Imagem 3: Capa do livro Nova Trento: Seus religiosos e religiosas - 125 anos de colonização italiana no RS, de autoria de Antônio, Valentin e Frei Santos Carlos Coloda, publicado em 2003 e de onde foi extraído este texto.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um museu a céu aberto (Parte I)

“Não se conhece uma sociedade enquanto não se estuda os seus cemitérios.” (Michel Vovelle)

Entre as lembranças dos moradores, diversos causos contados e recontados, que constituem o imaginário dos alicerces da história da comunidade do Travessão Alfredo Chaves. Sobretudo, informações de ordem estrutural, como a alteração do espaço físico, diretamente ligado ao processo migratório e ao êxodo rural do território.
Nesse lugar de memória, foram encontrados resquícios materiais, em volta do que podemos considerar cada sepultura um “monumento ao morto”. Cruzes, epitáfios e estatuária, remetendo o lugar exato onde ocorreu o sepultamento e mais que isso, nomes, datas e lembranças que os vivos querem deixar de seus mortos - fontes materiais que conferem certa imortalidade.

(Parte I: Explicações necessárias)

O cemitério é um “museu a céu aberto", porque nele podem ser encontradas diversas fontes de pesquisa tais como:
Fonte histórica para preservação da memória familiar e coletiva;
Fonte de estudo das crenças religiosas;
Forma de expressão do gosto artístico;
Forma de expressão da ideologia política;
Forma de preservação do patrimônio histórico;
Fonte indicadora da evolução econômica e dos padrões da população local;
Fonte para conhecer a formação étnica;
Fonte para o estudo da genealogia;
Fonte reveladora da perspectiva de vida;
Fonte reveladora das posições da população local perante a morte.
Nesse sentido, as informações são obtidas através da análise de epitáfios, de fotos tumulares, das simbologias nas obras funerárias e da expressão artística dos monumentos e mausoléus. Por isso, eles preservam a história de uma comunidade e são preciosas fontes, porque é nos cemitérios que as sociedades projetam seus valores, crenças, estruturas econômicas, sociais e ideológicas.

O cemitério do Travessão Alfredo Chaves localiza-se na 16ª légua da antiga Colônia Caxias e é composto pelas capelas São João Batista, São Judas Tadeu e Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças. O atendimento religioso foi diversificado ao longo do tempo, tendo sido atendido ora pela Paróquia Santo Antônio de Nova Pádua (Congregação dos Padres Diocesanos) ora pela Paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Flores da Cunha (Congregação dos Freis Capuchinhos).
A localidade começou a ser colonizada a partir de 15 de janeiro de 1884, quando se estabeleceram no local os primeiros imigrantes italianos.
Naquela época, os moradores deram-lhe a alcunha de Nova Veneza, que segundo Plínio Mioranza, deu-se pelo destaque dos riachos que banhavam o território e faziam a paisagem relembrar os canais venezianos. Por isso, estando os imigrantes no Novo Mundo, passaram a chamar a sede do pequeno povoado, de Nova Veneza. Já a denominação Travessão Alfredo Chaves é uma homenagem ao Dr. Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves, que auxiliou nos serviços de regulamentação da Inspetoria Geral de Terras e Colonização no Núcleo Colonial Italiano no Rio Grande do Sul.

A capela São João Batista
Situa-se na sede do Travessão Alfredo Chaves. De acordo com o Pe. Antonio Galioto, no livro História de Nova Pádua, 1992, por volta de 1894, um morador teria doado um pedaço de terras, onde teria construído uma casa para instalação do padre e onde também seria construída uma capela, como aconteceu. Aparentemente, o doador era comerciante e teria interesses econômicos em constituir uma Paróquia no local, pois inúmeros fiéis se deslocariam para lá. Entretanto, a Paróquia acabou sendo fixada em Nova Pádua, o que gerou inúmeras divergências ao longo da história.
Quase trinta anos depois, conforme correspondências registradas no livro Tombo da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, os moradores solicitaram a construção de uma nova igreja, em madeira. Contrapondo-se, o vigário de Nova Trento, Pe. Angélico, enviou uma correspondência à Cúria dizendo que a capela possuía uns trinta sócios, cujas famílias eram mais afortunadas que de outras capelas e solicitou apoio para que fosse determinado que a igreja viesse a ser construída em alvenaria. Consta, ainda, que os moradores realizaram uma votação secreta, na qual a maioria optou por construir a igreja de madeira e o vigário teve que intervir energicamente, precisando contar com o apoio de seus superiores.
Depois da troca de correspondências, chegou o aval final da Cúria, cujo ofício foi lido pelo Pe. Angélico e levado imediatamente pelo padre Ladislao ao Travessão Alfredo, para ser lido aos interessados. O Ofício previa que a capela deveria ser construída em material sólido, com planta arquitetônica e que o terreno fosse doado à Mitra. Após a leitura, o padre demitiu de pleno direito os fabriqueiros e nomeou uma comissão que denominou: “Comissão Construtora da Igreja”, que foi formada por: Jacynto Bordin, Eugênio Reginatto, Antonio Bresolin, Caetano Sandri, Fidencio Centernaro e João Deboni, o que no final animou os moradores.
Porém, como era o ano de 1923, época da Revolução dos Maragatos contra os Pica-paus e, como a capela seria construída às margens da antiga estrada para Vacaria, surgiram novos empecilhos. O vai e vem de tropas pacifistas e revolucionárias, fez com que os moradores decidissem esperar o fim da revolução para iniciar a construção. Assim, no ano de 1924, foi inaugurada a atual igreja, de alvenaria, em honra a São João Batista, cuja imagem foi benta no ano de 1927. Em 1941, concluiu-se a construção do campanário.

A capela São Judas Tadeu
Situa-se na Linha 40, sendo que a primeira igreja, de madeira, foi inaugurada em 1952, dando lugar no ano de 1981 a uma nova edificação, em alvenaria.

A capela Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças
Situa-se nos fundos do Travessão Martins, a cerca de 10 KM da sede do Município. A primeira igreja, de madeira, foi inaugurada no ano de 1973, com o incentivo do Padre Tranqüilo Mugnol, pároco de Nova Pádua. Devido a diversos temporais, por várias vezes a igreja foi destelhada, chegando numa ocasião a quebrar a estátua da padroeira. Por isso, em 1997, foi construída e inaugurada uma nova capela em alvenaria.


Danúbia Otobelli - dan_belly@hotmail.com

Gissely Lovatto Vailatti - gissely.lovatto@hotmail.com



Imagem 1: Foto do Livreto que contém o regulamento do Cemitério que é administrado por uma sociedade. Acervo: Benedeto Ferrarini


Imagem 2: Capa do livro: Benedictus: Arte, história e ideologia dos cemitérios de Flores da Cunha, escrito por Danúbia Otobelli e Gissely Lovatto Vailatti, de onde foi extraído o texto.




quinta-feira, 6 de agosto de 2009

SOCIEDADE COOPERATIVA VITI-VINÍCOLA SÃO JOÃO

A Cooperativa Viti-vinicola São João, localizada no Travessão Alfredo Chaves, foi fundada por Heitor Curra, em 09 de julho de 1931, como sendo uma Sociedade. A primeira diretoria foi composta por Eustachio Mezzomo, Diretor - Presidente, Rissieri Bellincanta, Diretor-Comercial e Luiz Morsolin, Diretor-Gerente. A Revista Fluminense (1937), editada em Porto Alegre, assim descreveu a Cooperativa:

“ Ao chegar-se a Nova Veneza, no município de Flores da Cunha, logo se nos depara, saliente, no ponto mais alto do povoado, um grande prédio de alvenaria. É a sede da Cooperativa São João, a produtora dos afamados vinhos marca APOLO.
A Cooperativa São João, produz anualmente mais de 500.000 litros de vinhos dos seguintes tipos: barbera, Isabel, Seibel, Branco, etc... e é uma entidade bastante acreditada nas praças de consumo, pela qualidade, sempre superior, do seu produto.
Atualmente dirigem os destinos desse estabelecimento viti-vinícola os seguintes cidadãos: Presidetne: Eustachio Mezzomo, Diretor Comercial: Rissieri Belincanta e Gerente Luiz Morsolin.”


A Cooperativa São João se associou a outras cooperativas florenses, para criar a nova Santo Antônio, com sede em Caxias. O prédio da matriz foi utilizado ainda por várias décadas na produção de vinho, e há aproximadamente 10 anos foi abandonado, sendo ainda propriedade da Cooperativa Santo Antônio. Segundo Ciro Mioranza, na parte superior do prédio da cooperativa havia um grande salão, onde, durante a década de 1940, eram realizadas apresentações artísticas, especialmente peças de teatros, que eram apresentadas pelos padres Josefinos.
A cooperativa foi desativa pela Cooperativa Santo Antônio há alguns anos.


Floriano Molon




Imagens:
1 - Prédio da cooperativa na década de 1930. Foto do acervo da Cooperativa Santo Antônio.
2- Capa do livro de autoria de Floriano Molon, de onde foi extraído este texto.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Patrimônio Veneziano

Nova Veneza é uma vila situada na crista dos Montes do Rio das Antas. Geograficamente localiza-se entre Flores da Cunha e Nova Pádua. Bem no centro do Roteiro Turístico do Vinho dos Altos Montes de Flores da Cunha. Lugar de rica história e uma vila própria para descanso dos admiradores do vinho, dos poetas, dos escritores, dos pensadores, de quem gosta navegar nos braços da história, do sol e do vento. O ambiente é bom e saudável. A paisagem além de deslumbrante é de encher os olhos.
Nova Veneza é um patrimônio da comunidade local. Trazer à tona sua arquitetura, seus feitos, sua cultura, sua história, sua indústria, seu comércio, a saga de todos aqueles que lá nasceram e outros tantos que lá aportaram é missão de todos. Aos líderes cabe despertar o interesse pela história local e perpetuá-la pelas gerações afora através da escrita, da imagem e da arte. Mantê-la viva é o que importa. Isto não interessa somente aos habitantes de Nova Veneza - interessa aos que lá nasceram e aos que nela habitaram. Interessa também a todos aqueles que de alguma forma tem ligações históricas, familiares, religiosas, sociais, econômicas e comerciais com a terra detentora de uma rica história e outras tantas estórias. Interessa a igreja católica guardiã primeira da educação e construção da personalidade dos pioneiros e sobre tudo ao poder público responsável pela educação, cultura e turismo do município.

A tradição da transmissão oral de geração em geração está viva. Este é o momento do registro sob outras formas além da oral para segurar os elos que ainda unem toda a sociedade aos fatos históricos importantes, merecedores de confirmação escrita. A perpetuação através da conservação da arquitetura centenária ainda existente, das capelas, dos capitéis, das imagens ainda intactas, da música, da arte e da tradição é a manifestação mais elevada da cultura de um povo.
As 50 famílias que estabeleceram os marcos históricos das 52 colônias do Travessão Alfredo Chaves iniciaram uma epopéia marcada pelo trabalho. Transformaram a natureza bruta em sucesso permanente. O esforço valeu. Só falta o registro escrito de toda a memória trazida até aqui pelas pessoas, inclusive a perpetuação do Talian. As pessoas fazem a história - as verdadeiras atoras do processo histórico.


Plínio Mioranza